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Rico Dalasam divide seus sentimentos, processos criativos e expectativas; Entrevista Exclusiva

Foto: Larissa Zaidan

Foi em um versinho em “Mandume”, música de Emicida com participação de Drik Barbosa, Amiri, Muzzike e Raphão Alaafin, lá do longínquo 2015 que eu tive contato com as rimas de Rico Dalasam. Desde então, fiquei sempre de olho no que o rapper paulista estava aprontando, até que em 2021 ele solta o espetacular “Dolores Dala Guardião do Alívio”. 

Em entrevista exclusiva para a plataforma Amores Sonoros, Rico Dalasam revela como foi a criação, repercussão e a diferença com o novo projeto, “Fim das Tentativas”, lançado nesta quarta-feira (3). “O DDGA foi uma coisa que a gente começou a fazer antes, quando virou o disco a gente terminou só terminou uma semana antes de fechar tudo. Não exitamos de colocar o disco, apesar de tudo foi um momento muito especial e sem saber eu fiz uma coisa que as pessoas estavam precisando naquele momento. E com “Fim das Tentativas” já é diferente, estamos fazendo show, experimentando, entendendo como contar história”, revelou o artista.

Na sequência do primeiro disco, o artista retoma um novo caminho à fábula criada em DDGA. Aqui, o guardião do alívio reflete sobre suas relações amorosas a partir de cada visita que recebe no hospital, afinal o paciente já está de alta. Entre as visitas estão Céu, Tuyo e Dinho Souza. 

“Foram duas experiências diferentes, mas bem especiais porque elas marcam o meu retorno nesse lugar de encontrar com outros artistas, né? Cinco anos que eu não fazia isso exatamente, e aí eu consigo agora. Com a Tuyo, a gente foi pra lá pro sítio, ficou lá fazendo as letras, depois foi pro Dinho fazer as histórias todas, deu muito certo! Com a Céu, a gente já conversava, trocava ideia sobre música e eu fui montando com o Dinho as músicas. Duas experiências diferentes, mas estou muito feliz em estar de volta aos feats”, disse Rico Dalasam.

Durante o processo de composição das 5 inéditas, Rico contou ainda que “Acho que eu tô conseguindo desopilar todo tempo da vida que eu não vivi, relacionamentos, afetos. Eu comecei a namorar mais tarde, bem mais tarde, quase aos 25 anos. E sempre senti um atraso em relação a isso, em detrimento das outras pessoas, até mesmo as que eu me encontrava. E passei a fundo pra tentar organizar isso, sabe? Não só junto com as experiências que eu passei a ter, mas também com o que eu precisei inventar sobre o assunto. E as canções sempre estão em volta disso, né? Das experiências vividas!”.

Capa do EP “Fim das Tentativas”

Nos últimos anos o rap nacional tem cada vez mais falado de amor, de muitas formas, de muitas perspectivas. O mais recente exemplo vem do disco de Baco Exu do Blues, o “Quantas Vezes Você Já Foi Amado?”. Em um dos versos que abrem o trabalho ele canta “Cantar sobre amar talvez seja mais revolucionário”. Quando questionado sobre essa nova onda do gênero no Brasil, Rico destaca. “Eu já estou na vida há 3 décadas e pra mim ainda é estranho pensar de maneira revolucionária quando tudo à minha volta ainda soa emergencial, necessidade emergencial. Então, não dá tempo de ser uma coisa e revolucionar ela ou pegar o que tá posto e revolucionar porque algo novo já vem. Mas eu, sobretudo, eu vejo em mim uma necessidade de falar de amor, eu preciso organizar essa invenções em mim para que tal hora eu fale de amor mermo, romântico aí que é o que o mundo entende de alguma maneira.”

Rico Dalasam em entrevista à Amores Sonoros

Sobre o rap, o rap é tanta coisa, mas eu vejo em todo mundo uma forma de querer dizer que se é amável, tá ligado? Que se faz amável, que se refaz amável sempre que precisa. Pra mim todo mundo que faz rap é uma pessoa amorosa, mesmo que isso esteja por baixo de tantas outras camadas

Rico Dalasam em entrevista à Amores Sonoros

Neste sábado (06), Rico Dalasam se apresenta pela primeira vez com a tour “Encontro DDGA” no Pelourinho, Largo da Tieta, a partir das 21h. No show, o artista vai cantar os principais sucessos do disco de 2021 e as inéditas do trabalho mais recente. Rico tem, sobretudo, uma conexão muito forte com a cidade e se surpreende sempre ao retornar à capital baiana.

“Nossa, tem passado um filme na minha cabeça nesses dois dias que eu tô aqui, porque já vim tantas vezes, aonde eu vou tocar também. Mas é a primeira vez que eu venho com minha galera pra gente fazer o show. Pra mim tá parecendo que é a primeira vez, parece que é a primeira vez que tô na cidade. Consegui chamar meu amigo Mahal para tá com a gente e tô feliz!”, comentou Rico.

SOBRE O ARTISTA

Desafiando a noção de normalidade na música e nas questões de gênero, inaugurando a cena queer rap do Brasil aos 25 anos de idade no fim de 2014, após já ter trabalhado como cabeleireiro e editor de moda, Rico Dalasam ingressou no rap nacional, tornando se uma das principais apostas da música nacional contemporânea. Lançou em 2015 seu primeiro trabalho, o EP “Modo Diverso”, reunindo seis músicas autorais que narram suas experiências de vida enquanto jovem, negro e gay, morador da periferia da Grande São Paulo.

No final de 2020, em comemoração aos cinco anos de lançamento de “Modo Diverso”, Rico une-se a Jup do Bairro, Hiran, Bruna BG, Lucas Boombeat, Glória Groove, Murilo Zyesz, Di Cerqueira, Luana Hansen e Enme Paixão para trazer novos ares para o EP que impactou uma geração.

Já em março de 2021, Rico promove o lançamento de seu segundo álbum “Dolores Dala Guardião do Alívio” que revisita suas emoções, seus afetos, vida e carreira, trazendo a dualidade que costura toda a sua obra, mas desta vez embasada no reino da fábula, retirando do mundo real ensinamentos dos últimos anos de vida. Seu último lançamento foi o single “30 Semanas”, uma farofinha sincera celebrando um coração recuperado após muito chororô.

Desde o retorno aos palcos após a pandemia, Rico tem circulado com a turnê “Encontro DDGA” que já passou por São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, etc. Em seu canal do Youtube é possível conferir os vídeoclipes das faixas “Braille” e “30 Semanas” ao vivo, em registros emocionantes que retratam o que esses encontros têm promovido para todos que participam.

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