Simplesmente abra o caminho e deixe o Exu passar e ele realmente passou.
Em 4 de setembro de 2017, há exatos 4 anos, Baco Exu do Blues colocou na rua o álbum que viria a mudar a sua carreira. Depois do fatídico e controverso “Sulicídio” – faixa que critica o eixo Rio-São Paulo na cena do rap – somos presenteados com o primeiro disco do artista recém saído do D.D.H. Tudo aqui é bem completo, vemos diversas facetas do mesmo artista que pede licença para entrar no início do disco e se desenrola com seus devaneios, inseguranças e principalmente a dualidade entre a humanidade e divindade.
Na faixa “En Tu Mira”, para mim a mais pessoal do disco, Baco inicia uma discussão sobre saúde mental e expectativas. É um verdadeiro desabafo que só é resolvido no próximo disco “Bluesman” (2018). No trecho “Isso é um pedido de socorro / Você está aplaudindo / Eu tô me matando, porra / Eu tô me matando, você tá aplaudindo” mostra a busca de ajude e para mim marca o começo da narrativa que vamos descobrir no decorrer do disco e se conecta diretamente com a próxima faixa “Esú”.
São nessas pequenas e profundas amostras de sentimentalismo que fazem desse disco uma obra tão especial. Particularmente para mim que trato com tanto carinho esse álbum desde quando o conheci em 2017 por recomendações de amigos. Não saiu dos meus ouvidos durante esses 4 anos e me orgulho em dizer que nos meus primeiros anos de faculdade, foi Baco que me acompanhou e me motivou a continuar.

O hit desse disco é a famosa e irreconhecível “Te amo, desgraça”, que apesar de uma lovesong com a cara da Bahia, existem controvérsias de quem mora aqui e torce o nariz para a canção. Genial, como qualquer outra, Baco aqui coloca uma das suas marcas registradas e referencia taças de vinho quebrada, marca que traz em seu nome a própria divindade grega da boêmia.
Tudo relacionado a Baco é perigoso, incerto e tentador. Tudo muito explicitado em “Te amo, desgraça”, que é gostoso de ouvir, gostoso de sentir. Canção de muitos relacionamentos que se construíram durante esse tempo, levou casais a loucuras tais como na Grécia Antiga… creio eu…
Em suma, Baco continua criando e muito bem. Foi assim com Bluesman, com as demais singles lançados posteriormente e até o EP lançado durante a quarentena. “Bacanal” está por vir, o disco já está pronto, mas segundo o próprio artista está sendo preparado um formato de lançamento diferente. No disco, já foi confirmado como Ney Matogrosso, BK, Kiko Dinucci, Urias e Duda Beat como participações. O web-documentário que conta um pouco o processo de criação está disponível no canal do YouTube da 999, selo independente criado por Baco. “Esú”, definitivamente, ainda continua e ainda será um dos melhores discos do rap nacional dessa nova cena.
0 comentário em “4 anos de “Esú”, de Baco Exu do Blues”