O artista piauiense Valciãn Calixto lançou no dia 25 de junho, dia de cultuar Exu, o single “Exu Não É Diabo”. Ele que há um tempo aprofunda suas pesquisas com os ritmos nordestinos, como o coco, traz um novo instrumento aprendido pelo músico nos últimos seis meses, o cavaquinho, e sela de vez sua ligação com a música de terreiro, o que já vinha propondo desde seu disco “Nada Tem Sido Fácil Tampouco Impossível“, em 2020.
Faixa anuncia a chegada do EP “Macumbeiro 2.0”, com previsão de lançamento para o mês de agosto. A composição escrita há quase um ano, fruto da vivência e estudos de Calixto, vem para desmistificar a concepção errônea que o Brasil tem de que a entidade e o orixá Exu, das religiões de matrizes afro, possam ter qualquer ligação ou semelhança com o diabo, figura do cristianismo.

Mais urgente e necessário do que nunca, o single calhou de ser lançado quando o país vive episódios de intolerância e racismo religioso de grandes proporções.
Podemos ver isso com o recém acontecido caso de Lázaro, um serial killer evangélico, mas que foi acusado pela PM de práticas satânicas, discurso rapidamente comprado e divulgado pela imprensa nacional, que associou de maneira criminosa imagens e símbolos dos cultos de terreiros ao assassino, fortalecendo no imaginário popular o racismo religioso para com as religiões de matrizes africanas. Não bastasse esse desserviço, a caçada ao criminoso foi usada como justificativa para que policiais militares perseguissem e invadissem irregularmente casas de Umbanda e Candomblé e coagissem pais e mães de santo entre o Distrito Federal e Goiás.
Na desconstrução de um olhar ainda colonial e preconceituoso com as manifestações e culturas negras no Brasil, “Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan)” é um alento, um motivo e um caminho para uma nova consciência brasileira. A faixa ainda se fortalece com os samples de Fora Bolsonaro, reza cantada em um congresso por Dona Palmira da Paraíba e do Samba de Coco Irmãs Lopes.
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