Jornalista, influenciadora digital e criadora de conteúdo. Não temos como falar de representatividade e Cena Preta e não lembrar de Ashley Malia!
Na internet ela produz conteúdo sobre questões raciais, literatura negra, cabelo crespo e autocuidado. Além disso, Ashley também é criadora do Papo Afro, que recentemente se tornou um blog, onde produz diálogos sobre suas vivências como mulher preta.
Já em 2020, Ashley foi homenageada pela Câmara Municipal de Salvador com o Prêmio Maria Felipa pelo seu trabalho desenvolvido em prol da comunidade negra soteropolitana. Abaixo você confere uma entrevista rapidinha em que ela conta para a gente sobre a sua curadoria para a playlist Cena Preta:
Amores Sonoros: Como foi que você conheceu o Amores Sonoros?
Ashley Malia: Então, eu conheci o Amores Sonoros através de Gustavo, porque a gente já conversava e ele me falou sobre o projeto dele, então comecei a acompanhar
AS: Rolou algum critério na seleção das músicas? Se sim, quais? Gosto pessoal, referências?
AM: Na seleção das músicas rolou alguns critérios, foi tanto gosto pessoal quanto referências. São músicas que que eu escuto no meu cotidiano. Mas eu quis escolher músicas que não estivessem no mainstream, tem algumas do mainstream, mas tem outras que não.
Tem algumas que são mais antigas, algumas mais novas, algumas de artistas que geralmente a gente escuta falar, que são artistas históricas e tudo mais e que geralmente as pessoas não param para escutar no dia a dia.
E outro critério foi ter um discurso político mais forte, né? Tem músicas de Nina Simone, Erykah Badu, enfim… são músicas que trazem esse discurso racial mais forte. Tem músicas com uma pegada mais soft que traga afeto para pessoas pretas e tudo mais.
AS: De que forma as músicas e/ou os artistas que você selecionou impactam em seu dia a dia?
AM: São músicas que trazem um discurso racial muito forte e são músicas que trazem afeto para pessoas pretas. Que falem de amor preto, que falam de autocuidado, como músicas de Luedji Luna e são práticas que eu trago no meu dia a dia tanto na minha conscientização política quanto da minha autoestima.

AS: É interessante como as músicas que você selecionou na sua curadoria passeiam por muitos gêneros e em várias partes do mundo. Essa multiplicidade diz muito sobre como você consome música?
AM: Eu sou uma pessoa muito eclética. Eu gosto de conhecer coisa nova. Eu realmente não estou presa em um estilo de música, eu gosto de ouvir de tudo. Eu acho que o conteúdo que esses artistas trazem em suas músicas, histórias de vida, em suas carreiras contam muito mais para que eu sinta uma proximidade.
AS: E se você pudesse escolher UMA favorita dentro de todas da playlist, qual seria?
AM: Eu escolheria ‘Oxum’ de Serena Assumpção ft. Xênia França. Porque é uma música que me traz lembranças e pensamentos muito bons. É uma música que me acalma e nesse momento que estamos vivendo a gente precisa de muita calma, a gente precisa de muito autocuidado, a gente precisa se agarrar a nossa ancestralidade, a nossa espiritualidade, porque são tempos muito difíceis, principalmente para as pessoas negras. E eu acho que antes de pensar no discurso político muito forte, no protesto, na afirmação e no embate. A gente precisa se cuidar antes e pensar em Oxum, pensar em ancestralidade e espiritualidade é antes de tudo se curar, pra assim a gente dar alguma coisa pro mundo.
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